Investigadores
da força-tarefa da Operação Lava Jato encontraram indícios de que a
senadora petista e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR)
pode ter sido beneficiária de dinheiro sujo movimentado no escândalo do
petrolão pela empresa Consist. As suspeitas de envolvimento da senadora e
de seu marido, o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, foram
detectadas depois da Polícia Federal e o Ministério Público terem
rastreado as movimentações do advogado e ex-vereador Alexandre Romano,
preso na mais recente fase da Lava Jato por suspeitas de operar um
esquema de pagamento de propina no Ministério do Planejamento.
Há
indícios de que Romano recebeu 37 milhões de reais em propina de
empresas do Grupo Consist em um esquema que beneficiava firmas para a
prestação de serviços de informática para gestão de empréstimos
consignados. Ao rastrear os pagamentos recebidos pelas empresas do
Consist, os investigadores descobriram repasses do advogado Guilherme
Gonçalves, que atuou em campanhas políticas do PT e da própria Gleisi,
diretamente para a senadora petista.
Pelas
anotações apreendidas em poder do advogado Guilherme Gonçalves, há
indícios de que o dinheiro que irrigava o esquema da Consist no
Ministério do Planejamento abastecia a família de Gleisi Hoffmann. Nas
anotações, mais suspeitas: "Diversos PT, PB, Gleisi". Em um dos casos, o
dinheiro que os investigadores afirmam ser propina chegou até a quitar
os salários do motorista da senadora petista, Hernany Mascarenhas. Em
depoimento no inquérito da Lava Jato, Guilherme Gonçalves confirmou que
utilizava recursos recebidos a título de honorários advocatícios da
Consist para pagar "despesas urgentes", como as de Gleisi Hoffmann.
Nenhum desses débitos "urgentes", porém, foi ressarcido pelos supostos
clientes ou mesmo por cobrado de volta pelo advogado.
Em
uma planilha apreendida no escritório de Gonçalves, os detalhes que
podem incriminar Gleisi são mais evidentes: em anotações registradas
como "Fundo Consist", há referência a um crédito de cerca de 50.000
reais com "diversos lançamentos de débitos em favor da Senadora e de
pessoas a ela ligadas". "Consta anotação de que, do pagamento de
cinquenta mil reais de honorários pela Consist a Guilherme em
29/09/2011, ele teria acertado com o ex-Ministro Paulo Bernardo, marido
de Gleisi Hoffmann, que ficaria, desta feita, com todo o montante",
relata o juiz Sergio Moro após receber o resultado das investigações.
"As
provas, em cognição sumária, revelam que parte expressiva da
remuneração da Consist, cerca de 9,6% do faturamento líquido, foi
repassada, por solicitação de Alexandre Romano, ao advogado Guilherme
Gonçalves, em Curitiba, que, por sua vez, utilizou esses mesmos recursos
para pagamentos associados à Senadora da República Gleisi Hoffmann",
conclui Moro, que, por ter encontrado indícios de irregularidades
envolvendo a senadora, determinou o envio da investigação para o Supremo
Tribunal Federal (STF). Como Gleisi tem direito ao chamado foro
privilegiado, ela só pode ser processada no tribunal de Brasília.
A
senadora Gleisi Hoffmann já é alvo de um inquérito no STF depois de ter
sido citada pelos delatores Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa.
Tanto o doleiro quanto o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
apontaram a parlamentar do PT como destinatária de 1 milhão de reais,
desviados da Petrobras, e repassado como doação de campanha. Na versão
de Youssef, o dinheiro sujo foi entregue a um preposto da petista em um
shopping de Curitiba.
"Desconheço
as relações contratuais que o Dr. Guilherme Gonçalves mantém com outros
clientes, assim como desconheço qualquer doação ou repasse de recursos
da empresa Consist a minha campanha", disse a senadora Gleisi em nota.
"Todo o trabalho do Dr. Guilherme Gonçalves consta nas minhas prestações
de contas, aprovadas pela Justiça Eleitoral. Em relação a 2014 ainda
existe débito com seu escritório, o que está a cargo do Partido dos
Trabalhadores", afirmou.
Em
nota, a Consist declarou que "jamais pagaria qualquer empresa sobre a
qual pairasse a mínima suspeita de inidoneidade". A empresa disse que
"refuta e lamenta as alegações que a associam, mesmo que remotamente, a
práticas ilícitas que seus dirigentes condenam", e informa que "está
colaborando com as autoridades na apuração dos fatos".
Laryssa Borges de Brasília.
Um comentário:
Na realidade, tecnicamente ainda são tratados como 'indícios', mas se sabe que de fato tanto dinheiro de fontes duvidosas quanto dinheiro público foi utilizado não só na campanha dessa 'senhôra', como também na da quase-presidente!
Na linguagem penal pode-se tipificar como "Bando ou Quadrilha"!
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